AIRES VIGO – ADVOGADOS assessorou a GNATUS na operação.

 

Por Olivia Alonso

Após 40 anos atuando como concorrentes no mercado de equipamentos odontológicos, as fabricantes Dabi Atlante e Gnatus, sediadas em Ribeirão Preto (SP), anunciaram ontem uma fusão. O namoro é antigo – começou na década de 1970 -, mas foi acelerado nos dois últimos anos, como resposta das empresas ao assédio de grupos estrangeiros, atrás de aquisições que pudessem elevar suas presenças no mercado brasileiro. Era 1976 quando João Padula Nomelini, que havia trabalhado na Dabi por 22 anos, decidiu construir sua própria fábrica de equipamentos odontológicos. Seu ex-patrão, Pedro Biagi Neto, já incitava a ideia ao passar em frente ao terreno da Gnatus no caminho para a Usina da Pedra, uma das empresas do grupo Pedra Agroindustrial, que controla, além da Dabi, usinas de açúcar e etanol e concessionárias de veículos. “Ele parava na frente da nossa empresa e dizia: ‘um dia, vamos estar juntos'”, conta Gilberto Nomelini, filho de João Padula e atual presidente da Gnatus.

Há dois anos, a conversa sobre a união se tornou séria. “Com a entrada de novos players no mercado e o assédio internacional às companhias, sentimos a necessidade conjunta de potencializar nossas atuações no segmento da saúde através de uma fusão”, diz Pedro Biagi Neto, presidente da Dabi. Entre as principais concorrentes das duas empresas estão as estrangeiras Philips, GE, KaVo e Sirona, além da também brasileira Olsen. Caetano Biagi, superintendente da Dabi e neto de Pedro, diz que as duas companhias somaram em 2014 faturamento de R$ 280 milhões (praticamente metade de cada uma) e que pretendem chegar a R$ 300 milhões em 2015. Entre os objetivos conjuntos está a ampliação da atuação em outros segmentos de equipamentos médicos, além do odontológico, o que abre diversas oportunidades, segundo os executivos. O tamanho desse mercado é da ordem de R$ 6 bilhões de vendas ao ano, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo).

A Gnatus, que tem também uma fábrica na China, já começou a comercializar equipamentos de ultrassom para outras áreas de saúde. A Dabi, por sua vez, é mais focada em diagnósticos por imagem para odontologia. Ambas também produzem diversos outros tipos de equipamentos, como cadeiras para consultório, raio-x e compressores de ar. Juntas, terão 1.100 funcionários e, de partida, exportações para cerca de 150 países. As empresas ainda aguardam a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Após o sinal verde do órgão regulador e feita a troca de ações entre os controladores, elegerão um Conselho de Administração único. Até lá, todas as atividades, funções e cargos seguem de forma normal e independente. Segundo os empresários, as marcas Dabi Atlante e Gnatus serão mantidas. No exterior, pretendem buscar mais clientes nos Estados Unidos, maior mercado mundial do setor, com cerca de 33% do consumo global da área. No Brasil, que corresponde por 7% do total, as companhias acreditam que terão a vantagem do conteúdo nacional de seus produtos, o que permite que os clientes consigam melhores condições de crédito na linha Finame, do BNDES. Segundo a Abimo, o crescimento médio do setor de equipamentos para saúde foi da ordem de 12% nos últimos anos no país. Nos próximos anos, o mercado prevê um aumento médio anual de 8%.

 

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